MANCHINHA, A OVELHINHA

Em uma pequena fazenda do nordeste brasileiro, um caso real e inusitado, marcou para sempre a história de vida de uma ovelha e de seu pastor.
Sapucaia, como é conhecida, é uma das muitas fazendas que existem à margem de uma longa e movimentada rodovia que liga o Estado do maranhão ao Estado do Pará.
Em uma majestosa manhã do inverno, Sapucaia foi agraciada com o nascimento de Manchinha, uma pequena ovelha branca que tinha uma mancha marrom no centro da testa. A bela Manchinha era tão diferente que seu pastor, conhecido como Zé da bisnaga, decidiu por no seu pescoço um pequeno sino amarrado em um laço vermelho.

Nos primeiros dias de vida parecia ir muito bem com Manchinha até que o seu dono e pastor percebeu que sua querida ovelha tinha algum problema, pois não estava apresentando a mesma condição física das outras ovelhas do rebanho que nasceram na mesma época. O tempo passou, Zé da Bisnaga percebia que Manchinha perdia peso assustadoramente, ficando tão magra que já era possível notar as marcas de seus ossos da costela.
Diante daquele triste e terrível quadro, Zé da bisnaga pensou em levar Manchinha para ser examinada por um veterinário que atendia as fazendas da região. Depois de muito pensar, resolveu mudar de idéia e decidiu continuar medicando a sua ovelha com os medicamentos que dispunha em casa. Esperou por mais alguns dias, observando atentamente se os remédios que dera para sua amada iriam gerar melhora na saúde de manchinha
Passados cinco dias após a ingestão dos medicamentos, Manchinha não apresentou nenhuma melhora, pelo contrário, seu estado se agravou mais ainda de maneira que sua fraqueza era tão progressiva que já não podia se manter de pé. A situação era crítica, Manchinha estava morrendo lenta e silenciosamente. Apesar de toda aquela terrível situação e, percebendo que sua ovelhinha já não tinha força para resistir às próximas 48 horas, Zé da bisnaga não entrou em desespero.

O drama de Manchinha comovia a todos na pequena Sapucaia. Ali, o olhar de todos estava sobre Zé da Bisnaga, o pastor. Naquela noite, depois de esperar todos se recolherem aos seus quartos para dormir, Zé da bisnaga se retirou da presença de todos e caminhou lentamente para a estalagem onde manchinha travava sua luta pela vida.
Sozinho e sentindo uma profunda dor, Zé da Bisnaga se agachou ao lado de sua querida ovelha. Levou horas olhando e passando a mão em Manchinha, chorava baixinho e derramava lágrimas sobre sua cabeça. Em dado momento tomou Manchinha em seus braços e, pondo-se de pé orou: Oh, Deus, não posso perder Manchinha. Seu problema é desconhecido para mim, estou aflito e angustiado. Socorre-nos, estamos no Vale da Sombra da Morte. Tem misericórdia, mostre-me qual é a doença de manchinha e me orienta no que fazer.
Na manhã seguinte, manchinha já não abria mais os olhos, apenas respirava lentamente. Zé da Bisnaga pegou Manchinha e pôs em seu colo, cautelosamente abriu-lhe a sua boca, examinou tudo cuidadosamente até que encontrou a raiz de todo mal. A língua de sua pequena ovelha não era livre, por motivos desconhecidos estava presa na sua parte inferior. Era como se tivesse fortemente colada por alguma coisa esquisita.

Examinando com mais profundidade descobriu o que prendia a língua da ovelha. Compreendeu que aquela condição impedia Manchinha de se alimentar, a solução seria uma pequena cirurgia para salvar a vida da amada de seu pastor. Imediatamente Zé da Bisnaga tratou de ali mesmo tomar uma faca e cortar uma fina membrana que prendia a língua de sua ovelha. Manchinha gemeu muito durante o momento em que seu pastor cortava a membrana que tanto mal lhe causava.
O ferimento foi logo protegido por medicamentos adequados. Zé da bisnaga chamou seus trabalhadores para que fossem até o armazém buscar leite, bálsamo, vinho e um agasalho especial. Era preciso alimentar Manchinha cuidadosamente, pois seu estado ainda exigia cuidados especiais.

Uma semana depois era possível observar que manchinha se recuperava espantosamente. O resultado mostrava que a cirurgia tinha sido um sucesso. Sessenta dias depois a bela ovelha era outra; dava cambalhotas e expressava uma saúde forte e exuberante. Foi uma atitude sábia e corajosa de Zé bisnaga que, depois de ter consultado a Deus sobre a sua ovelha a salvou da morte. Um simples e pequeno detalhe era o nó que sufocava a vida de manchinha.

Um ano depois destas coisas, deitado em sua rede, vendo as estrelas no céu e ouvindo o barulho dos animais, Zé da Bisnaga refletia sobre aquela experiência que vivera no vale da Sombra da Morte, as horas escuras e difíceis nos dias de angustia de sua ovelha e de seu coração. Nesse momento levantou-se de sua rede, dobrou os joelhos no chão e orou outra vez: Obrigado pelas respostas as minhas orações! Obrigado porque o Senhor está comigo no vale da sombra e da morte! Meu amado Pastor!

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